Gostaria um dia poder escrever coisas bem bonitas, daquelas que fazem as pessoas suspirarem extasiadas esquecendo-se momentaneamente de si. Sim, escrever pequenos poemas que levassem todos ao acanhamento e à timidez, pois cada verso de tais poemas seria um cortejo de amor. As pessoas que o lessem teriam o mesmo acanhamento e timidez qual uma garotinha tem ao perceber que está sendo fitada por um garoto embriagado de paixão.
Se acaso, a garotinha tiver a brancura de uma neve, as maçãs de seu rosto tornar-se-ão rubras e rosadas. Se porventura, for negra qual uma pérola, sei que o seu sorriso esconder-se-á por detrás das palmas das mãos, e seu caminhar será levemente vacilante e curval.
Pena...! Não consigo criar sequer um versinho bonito, nem sorrir bonito, sequer olhar bonito. Por vezes, parece-me que a beleza se rebela contra mim, abandonando minhas expressões, tornando-as opacas; enfim — perdoem-me a obviedade — inexpressivas.
Revelarei a vocês o motivo de não conseguir escrever coisas bonitas. Todavia sejam compreensivos. Se forem ri, o faça baixinho — não gostaria que outras pessoas soubessem, tá bem?
Psiu...! Preste atenção...! Minh´alma, por vezes, debilita-se. Só e abandonada, ela carrega o ‘peso-terrível-do-desejo-de-eternidade’. Vá lá saber o que significa eternidade. Muitos, creio, a perseguem; todavia ninguém jamais foi eterno. O meu corpo? Ah... este coitado até que tenta encorajar a minha alma a não desistir da busca da eternidade (ou felicidade eterna como queiram)— contudo ele mesmo é tão frágil e delicado que gradativamente vai se curvando diante o passar do Tempo. Aliás, o tempo jamais passa: ele é sempre. Nós que passamos.
Por falar em Tempo. O tenho como um grande vilão. Por quê...? Porque desconfio que ele saiba do nosso desejo de felicidade eterna (ou de querer ser eterno), por isso não cessa de nos enganar. Isto mesmo! O Tempo é um bom ilusionista, sabe?! Nos iludi fazendo-nos acreditar que podemos ser eternos ou possuir a eternidade, em contrapartida ele vai colocando sutilmente em nossas costas uma carga de morte lenta e gradativa chamada velhice. Santo Agostinho (séc IV, de Tagaste-África), diz em seus escritos que a morte (também o envelhecimento) é uma doença que contraímos logo ao nascer. Pois é, só começamos a aceitar este fato quando vemos os nossos parentes ou amigos(as) próximos partirem. E em nós ficam aquele sentimento vazio e um friozinho na barriga, acompanhados com uma pergunta muda no interior do espírito: “quando chegará a nossa vez?”. O friozinho na espinha e a bruta sensação de limitação e fragilidade nos trazem à dimensão da realidade — somos transitórios. Envelhecemos até um dia não poder mais...
Minh´alma, debilitada, continua com o peso-terrível-do-desejo-de-eternidade. Será q um dia ela será saciada? Não sei... Quase todas religiões afirmam que sim, no entanto nenhuma religião tem alma como nós. Perdoem a heresia, presumo que inclusive as religiões têm fome e desejo. E para saciarem esta fome, nutrem-se de nossas esperanças, orações, penitências, lágrimas, pecados, tristezas, etc... Se não se alimentarem destas expressões da pessoa religiosa ficam anêmicas...
Citei Pecado? Bom, Rubem Alves escreveu certa vez que a religião assemelha-se ao pião girando sobre sua ponta que é o ‘pecado’. Rubem Alves é meio bonachão e bufão assim mesmo. Adoro o seu jeito “irresponsável” de escrever coisas sérias.
Nego-me a falar do Pecado, não quero receber “a primeira pedrada”..rssr. Destarte falarei da Tristeza. Hoje a aprecio, não a entendia bem até fazer as pazes com ela em 2008 ao ouvir uma canção de Baden Powell e Vinícius de Moraes: a música chama-se ‘Samba da Bênção’ (por sinal, belíssima,). Eles compuseram, na letra da canção, que a Tristeza traz em si sempre uma Esperança”. Qual esperança...? A esperança de um dia não ser mais triste não”.
Hoje, quando a ‘tristeza’ vem ao meu encontro, paro e dialogo com ela: passeamos, pacientemente, de mãos dadas sobre as campinas da minha alma. Não a expulso e nem me faço irresoluto em escutá-la: a ouço. Depois dou toda a lágrima que ela me pede, sem taxá-la de egoísta. Ao nos despedir, desejo a ela que vá em paz e que estarei prontamente esperando quando ela voltar. A tristeza gosta de vagabundear: uma andarilha nata. Não gosta de ficar cativa muito tempo em pessoas que ficam lamentando toda vida sobre seus ombros. Adora perambular de bar em bar, melhor: de alma em alma.
Enfim, voltando. O que será este peso-terrível-do-desejo-de-eternidade que todos possuímos na alma? Vem-me uma leve imagem à cabeça que ajuda a traduzir o que talvez seja. Tentarei expô-la.
Gosto da noite quando chego do trabalho, tomo um banho reconfortante e em seguida, janto. Após colocar uma boa música, a escuto com um sorriso prazeroso nas pontas dos lábios — cantarolo junto. Deitado em minha cama com os braços cruzados entre a nuca e o travesseiro, os meus olhos vagabundeiam cansados fitando o teto. Miro a lâmpada no alto que é forte, e o seu clarão sempre atrai algumas mosquetas — sempre atrai...! E lá vão elas...! Ignoro qual o prazer que aquelas moscas encontram ao ir de encontro à lâmpada quente. Apenas testemunho seus fins tétricos: morrem queimadas sempre que tocam tal lâmpada.
Por fim, tenho que a ‘felicidade eterna’ — que atrai vigorosamente as almas — seja semelhante tal lâmpada. Sua luz nos cega em desejo de buscá-la, e fazendo isto nos queimamos aos poucos, até morrer sem ser feliz plenamente. Epicuro (filósofo do séc. IV a.C) sentencia afirmando “que todos querem ser felizes, no entanto ninguém sabe ao certo qual o objeto da sua felicidade que procura”.
“Minha alma está inquieta, enquanto não repousa em ti, ó felicidade eterna” (cf. Santo Agostinho).
Pão e Rosas a todos!!!
Se acaso, a garotinha tiver a brancura de uma neve, as maçãs de seu rosto tornar-se-ão rubras e rosadas. Se porventura, for negra qual uma pérola, sei que o seu sorriso esconder-se-á por detrás das palmas das mãos, e seu caminhar será levemente vacilante e curval.
Pena...! Não consigo criar sequer um versinho bonito, nem sorrir bonito, sequer olhar bonito. Por vezes, parece-me que a beleza se rebela contra mim, abandonando minhas expressões, tornando-as opacas; enfim — perdoem-me a obviedade — inexpressivas.
Revelarei a vocês o motivo de não conseguir escrever coisas bonitas. Todavia sejam compreensivos. Se forem ri, o faça baixinho — não gostaria que outras pessoas soubessem, tá bem?
Psiu...! Preste atenção...! Minh´alma, por vezes, debilita-se. Só e abandonada, ela carrega o ‘peso-terrível-do-desejo-de-eternidade’. Vá lá saber o que significa eternidade. Muitos, creio, a perseguem; todavia ninguém jamais foi eterno. O meu corpo? Ah... este coitado até que tenta encorajar a minha alma a não desistir da busca da eternidade (ou felicidade eterna como queiram)— contudo ele mesmo é tão frágil e delicado que gradativamente vai se curvando diante o passar do Tempo. Aliás, o tempo jamais passa: ele é sempre. Nós que passamos.
Por falar em Tempo. O tenho como um grande vilão. Por quê...? Porque desconfio que ele saiba do nosso desejo de felicidade eterna (ou de querer ser eterno), por isso não cessa de nos enganar. Isto mesmo! O Tempo é um bom ilusionista, sabe?! Nos iludi fazendo-nos acreditar que podemos ser eternos ou possuir a eternidade, em contrapartida ele vai colocando sutilmente em nossas costas uma carga de morte lenta e gradativa chamada velhice. Santo Agostinho (séc IV, de Tagaste-África), diz em seus escritos que a morte (também o envelhecimento) é uma doença que contraímos logo ao nascer. Pois é, só começamos a aceitar este fato quando vemos os nossos parentes ou amigos(as) próximos partirem. E em nós ficam aquele sentimento vazio e um friozinho na barriga, acompanhados com uma pergunta muda no interior do espírito: “quando chegará a nossa vez?”. O friozinho na espinha e a bruta sensação de limitação e fragilidade nos trazem à dimensão da realidade — somos transitórios. Envelhecemos até um dia não poder mais...
Minh´alma, debilitada, continua com o peso-terrível-do-desejo-de-eternidade. Será q um dia ela será saciada? Não sei... Quase todas religiões afirmam que sim, no entanto nenhuma religião tem alma como nós. Perdoem a heresia, presumo que inclusive as religiões têm fome e desejo. E para saciarem esta fome, nutrem-se de nossas esperanças, orações, penitências, lágrimas, pecados, tristezas, etc... Se não se alimentarem destas expressões da pessoa religiosa ficam anêmicas...
Citei Pecado? Bom, Rubem Alves escreveu certa vez que a religião assemelha-se ao pião girando sobre sua ponta que é o ‘pecado’. Rubem Alves é meio bonachão e bufão assim mesmo. Adoro o seu jeito “irresponsável” de escrever coisas sérias.
Nego-me a falar do Pecado, não quero receber “a primeira pedrada”..rssr. Destarte falarei da Tristeza. Hoje a aprecio, não a entendia bem até fazer as pazes com ela em 2008 ao ouvir uma canção de Baden Powell e Vinícius de Moraes: a música chama-se ‘Samba da Bênção’ (por sinal, belíssima,). Eles compuseram, na letra da canção, que a Tristeza traz em si sempre uma Esperança”. Qual esperança...? A esperança de um dia não ser mais triste não”.
Hoje, quando a ‘tristeza’ vem ao meu encontro, paro e dialogo com ela: passeamos, pacientemente, de mãos dadas sobre as campinas da minha alma. Não a expulso e nem me faço irresoluto em escutá-la: a ouço. Depois dou toda a lágrima que ela me pede, sem taxá-la de egoísta. Ao nos despedir, desejo a ela que vá em paz e que estarei prontamente esperando quando ela voltar. A tristeza gosta de vagabundear: uma andarilha nata. Não gosta de ficar cativa muito tempo em pessoas que ficam lamentando toda vida sobre seus ombros. Adora perambular de bar em bar, melhor: de alma em alma.
Enfim, voltando. O que será este peso-terrível-do-desejo-de-eternidade que todos possuímos na alma? Vem-me uma leve imagem à cabeça que ajuda a traduzir o que talvez seja. Tentarei expô-la.
Gosto da noite quando chego do trabalho, tomo um banho reconfortante e em seguida, janto. Após colocar uma boa música, a escuto com um sorriso prazeroso nas pontas dos lábios — cantarolo junto. Deitado em minha cama com os braços cruzados entre a nuca e o travesseiro, os meus olhos vagabundeiam cansados fitando o teto. Miro a lâmpada no alto que é forte, e o seu clarão sempre atrai algumas mosquetas — sempre atrai...! E lá vão elas...! Ignoro qual o prazer que aquelas moscas encontram ao ir de encontro à lâmpada quente. Apenas testemunho seus fins tétricos: morrem queimadas sempre que tocam tal lâmpada.
Por fim, tenho que a ‘felicidade eterna’ — que atrai vigorosamente as almas — seja semelhante tal lâmpada. Sua luz nos cega em desejo de buscá-la, e fazendo isto nos queimamos aos poucos, até morrer sem ser feliz plenamente. Epicuro (filósofo do séc. IV a.C) sentencia afirmando “que todos querem ser felizes, no entanto ninguém sabe ao certo qual o objeto da sua felicidade que procura”.
“Minha alma está inquieta, enquanto não repousa em ti, ó felicidade eterna” (cf. Santo Agostinho).
Pão e Rosas a todos!!!
"Pão e Rosas."
ResponderExcluirPerfeito, adorei!
Obrigada pela visita em blog, te espero mais vezes.
Um beejo!
Olá Will...
ResponderExcluirLindo demais, porque vivemos na busca de algo que não conhecemos, mesmo convivendo com ela?
Beijos, amei sua doce visita, te espero mais vezes!
Beijos
PS. Perdoe a demora em responder